Plano
de Aula
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I. Dados de Identificação:
Escola: E.E.
Tarsila do Amaral
Equipe de
alunos : Camila Zach
Fernando
Terra
Marcos
Oliveira
Rafaela
Curso: Língua
Portuguesa
Série: 1º ano do
Ensino Médio
Período: Matutino
Disciplina: Literatura
Portuguesa
Carga
horária: 04 horas/aula
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II. Tema: Classicismo
Português e a Obras “Os Lusiadas” de Camões
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III. Objetivos:
Objetivo geral:
Apresentar o estudo da escola
literária do Classicismo, em especial Sá de Miranda e Luis de Camões e sua
obra “Os Lusiadas”.
Objetivos específicos:
1. Proporcionar aos alunos o conhecimento do que foi a escola literária
do Classicismo (1527-1580);
2. A
importância de Sá de Miranda ao retornar à Portugal após seis anos de estudos
na Itália em 1527, entre os estudos desenvolvidos a novidade da medida nova,
os versos decassílabos, o terceto, o soneto, a elegia que eram utilizados
pelos antigos gregos.
3. Destacar o
grande nome da escola Clássica, Luis de Camões (1524-1580) influenciado pelos
estudos de Sá de Miranda;
4. Apresentar
a obra “Os Lusiadas” e sua estrutura;
5. Inserir o
aluno dentro do contexto histórico em que foi escrita a obra;
6.
Trabalhar os conteúdos da matéria de
forma interdisciplinar, articulando as linguagens verbal, visual e sonora.
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IV. Conteúdo:
1. Abordagem da
escola literária do Classicismo (1527-1580) após o regresso de Sá de Miranda
da Itália em 1527.
2. As
inovações que Sá de Miranda trouxe para a escola entre elas: a medida nova,
os versos decassílabos, o terceto, o soneto, a elegia;
3. Apresentação
do grande nome da escola que foi Luis de Camões;
4. Sua
importância na forma nova de escrever poemas;
5. Sua grande
obra “Os Lusiadas”.
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V. Recursos didáticos:
1.
Aulas expositivas e dialogadas;
2. Leituras teóricas, data show e estudos
dirigidos em grupo;
3. Analise de textos e debates orais;
4. Discussões do tema;
5.
Apresentação do filme de Luís
Vaz de Camões lendo as últimas estrofes do seu épico "Os Lusíadas"
a El-Rei D. Sebastião. Filme: Camões [1946] disponível no youtube.
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VI. Avaliação:
1.
Os alunos serão avaliados na participação individual
e coletiva no desenvolvimento das atividades.
2.
Apresentação de um dos Cantos da obra e explicar
para a sala a idéia da passagem do poema, para efeito de nota.
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VII. Referências Digitais:
1. Filme de Luís
Vaz de Camões lendo as últimas estrofes do seu épico "Os Lusíadas"
a El-Rei D. Sebastião. Filme: Camões [1946] disponível no youtube.
3.
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas.
Texto
proveniente de:
4. A
Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
<http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
1.
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segunda-feira, 23 de maio de 2016
plano de aula 2
"por mares nunca dantes navegados"
OS
LUSIADAS
Luis Vaz de Camões
"Por
mares nunca dantes navegados"
Os Lusíadas é a obra épica ou também conhecida por epopéia
publicada em 1572 em que Camões por meio de uma narrativa escrita em versos
narram as proezas e conquistas dos grandes heróis portugueses, dando destaque
as Viagem heróicas de Portugal conquistadas por Vasco da Gama, sendo considerado o maior poema épico português renascentista.
A
obra foi uma dedicatória a D. Sebastião, composto por 10 cantos, 1101 estrofes
em oitava rima e 8816 versos decassílabos.
A palavra lusíadas significa “lusitanos”,
sendo assim Os Lusíadas são os próprios lusos (portugueses). O herói da epopéia
é o próprio povo português e não apenas Vasco da Gama, como pode parecer ao
fazer uma leitura superficial da obra, por exemplo no trecho que ao cantar “as
armas e os barões assinalados” que navegaram “por mares nunca dantes
navegados”, Camões engloba todo o povo lusitano navegador, que enfrentou a
morte pelos mares desconhecidos, portanto uma obra de heróis coletivos
gladiados não só por Vasco da Gama, mas também por todos os português que deram
e arriscaram suas vidas as conquistas de Portugal.
O poeta deixou expresso o tema da
epopéia já nas duas primeiras estrofes: a glória do povo navegador português,
que conquistou as Índias e edificou o Império Português no Oriente, bem como a
memória dos reis portugueses que tentaram ampliar o Império.
Paralelamente à ação histórica do
poema, há uma ação mitológica: a luta que travam os deuses do no plano mísitco
em favor (Vênus e Marte) ou contra (Baco e Netuno) os portugueses.
Estrutura do poema
Assim
como determina a tradição clássica, a epopéia de Camões é dividida em cinco
partes: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
- Proposição (canto I, estrofes 1
a 3): É a exposição do assunto do poema, ou seja, do que o poema falará. Nela
o poeta se propõe a cantar os feitos heroicos dos soldados e navegadores
portugueses, bem como a memória dos reis portugueses que expandiram as
fronteiras lusas e a fé cristã.
I
As armas e os barões
assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
II
E também as memórias
gloriosas
Daqueles reis que
foram dilatando
A Fé, o Império e as
terras viciosas
De África e de Ásia
andaram devastando,
E aqueles que por
obras valorosas
Se vão da lei da
Morte libertando:
Cantando espalharei
por toda a parte,
Se a tanto me ajudar
o engenho e a arte.
- Invocação (canto I, estrofes 4 e 5): Nesse momento o
poeta pede inspiração às musas. No caso da epopeia de Camões, as musas não
serão nenhuma representante da tradição clássica. O poeta escolhe como fonte de
inspiração as ninfas do rio Tejo (rio português), chamadas por
ele de Tágides. Nesse sentido, podemos dizer que Camões nacionaliza
suas musas.
IV
E vós, Tágides
minhas, pois criado
Tendes em mim um novo
engenho ardente
Se sempre em verso
humilde celebrado
Foi de mim vosso rio
alegremente,
Dai-me agora um som
alto, e sublimado,
Um estilo grandíloquo
e corrente,
Por que de vossas
águas Febo ordene,
Que não tenham inveja
às de Hipocrene.
- Dedicatória (canto I, estrofes 6
a 18): Camões dedicou seu poema ao rei D. Sebastião, seu protetor e a
quem se deve a publicação do livro. Nas estrofes dedicadas ao rei, o poeta faz
menção à juventude de D. Sebastião, que, por não haver outro herdeiro legítimo
do trono, assumiu o império com apenas quatorze anos. O poeta também se refere
à extensão alcançada pelo Império português.
VII
Vós, tenro e novo
ramo florescente
De uma árvore, de
Cristo mais amada
Que nenhuma nascida
no Ocidente,
Cesárea ou
Cristianíssima chamada,
Vede-o no vosso
escudo, que presente
Vos mostra a vitória
já passada,
Na qual vos deu por
armas e deixou
As que Ele para si na
Cruz tomou;
VIII
Vós, poderoso rei,
cujo alto império
O Sol, logo em
nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio
do Hemisfério,
E quando desce, o
deixa derradeiro;
Vós, que esperamos
jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita
cavaleiro,
Do Turco Oriental e
do Gêntio
Que ainda bebe o
licor do santo Rio.
(...)
X
(...)
Ouvi: vereis o nome
engrandecido
Daqueles de quem sois
senhor supremo,
E julgareis qual é
mais excelente,
Se ser do mundo Rei,
se de tal gente.
- Narração:
A ação do poema
começa quando os navegantes já estão no meio do Oceano Índico. Paralelamente,
os deuses reúnem-se no Olimpo para decidirem o futuro dos ousados portugueses.
A história se desenvolve então em dois eixos: o mitológico, marcado
pela intervenção dos deuses, e o histórico, este subdividido em
duas ações: a viagem de Vasco da Gama às Índias, que liga todas as outras
ações, e a narrativa da história de Portugal, narrada por meio do discurso de
Vasco da Gama, quando este a conta ao rei de Melinde, e por seu irmão, Paulo da
Gama, quando explica a uma autoridade oriental o significado das figuras
desenhadas nas bandeiras das naus.
Entre os deuses, os portugueses têm por
inimigo Baco, deus do Oriente, que por temer perder sua glória arma ciladas
contra os navegadores, mas estes são salvos graças à intervenção de Vênus e à
coragem de Vasco da Gama.
O plano mitológico e o plano histórico,
o mundo dos deuses e o mundo dos homens, foram mantidos por Camões separados ao
longo do poema, até que essas duas esferas, divina e humana, encontram-se no
episódio da “Ilha dos Amores” (cantos IX e X). Vitoriosos em sua missão, os
nautas portugueses são recompensados pelas ninfas da ilha dos amores.
- Epílogo: Conclusão do poema,
contém um fecho dramático e pessimista sobre o futuro da Nação portuguesa. O
poeta lamenta a decadência de seu país e do povo português que, cego pela
cobiça e pelas suas glórias, esqueceu-se dos valores nacionalistas. O eu-lírico
desabafa melancolicamente que, apesar dos grandes feitos narrados,
entristece-se que tenha cantado “a gente surda e endurecida”. Esse tom crítico
e desencantado parece ser uma premonição da derrocada sofrida, pouco depois,
por Portugal, que, derrotada na batalha de Alcácer-Quibir, foi submetida ao
domínio espanhol. Nesse sentido, o epílogo de Os lusíadas contrapõe-se
com o tom ufanista com que se desenvolveu toda a trama, mais uma característica
que difere a obra da epopeia clássica. Também podemos dizer que no epílogo do
poema de Camões há uma atitude subjetiva do poeta que desabafa sobre os seus
próprios conflitos íntimos e da vida de privações que teve nos seus últimos
dias de vida.
Não mais, Musa, não
mais que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.
Plano de Aula
TEMA
Classicismo e Os Lusíadas.
OBJETIVOS
O entendimento dos alunos em relação ás características deste período e conhecimento da principal obra literária do Classicismo.
ANO
Ensino Médio.
ESTRATÉGIAS, TEXTOS E MATERIAS
Será realizada uma peça teatral mostrando o caminho de Vasco da Gama e os três episódios: Inês de Castro, Velho do Restelo e o Gigante Adamastor. Uma certa quantidade de alunos será O principal instrumento desta aula será a obra 'Os Lusiadas', que pode ser o próprio livro, cópias ou material online, para estudo e compreensão. Além de ensinar o conteúdo, estimula a interação entre os alunos, afinal não só os 'atores' vão trabalhar na peça, terá toda uma equipe por trás disso. Peças de teatro ajudam no entendimento e fixação do conteúdo.
AVALIAÇÃO
A peça contará como avaliação, afinal todos deverão saber o enredo, forma de interação da época e etc. Haverá também prova tradicional com questões dissertativas e múltipla escolha.
Outros autores do Classicismo e suas obras
Francisco de Sá de Miranda nasceu no dia 28 de agosto de 1481 na cidade de Coimbra. Ele é considerado um dos mais tradicionais poetas portugueses que com seu estilo fez grande influência nos escritos do país entre os séculos XV e XVI. Miranda era filho de Gonçalo Mendes e Inês de Melo, com eles viveu em S. Salvador do Campo, freguesia portuguesa de Barcelos, e em Coimbra. Não se sabe muito sobre os primeiros anos do poeta, sendo a fase de seu nascimento até a sua chegada à Universidade de Lisboa uma série de hipóteses de alguns estudiosos. Depois dessa fase, a sua vida ganhou mais relatos até que em 15 de março de 1558, Sá de Miranda vem a falecer na cidade de Amares.
❝ Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo;
sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
antes que esta assi crecesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo
tamanho imigo de mim? ❞
– Comigo me desavim.
BERNARDIM RIBEIRO
– Comigo me desavim.
BERNARDIM RIBEIRO
Bernardim Ribeiro (1480-1552) foi poeta e novelista. Presume-se que foi amigo de Sá de Miranda, com quem conviveu literariamente na Corte de D. Manuel, fazendo parte dos poetas palacianos. O conjunto da sua obra é impresso pela primeira vez em Ferrara, no ano de 1554. Nesse volume figuram a novela Menina e Moça, para além de outros textos.
❝ Antre tamanhas mudanças,
que cousa terei segura?
Duvidosas esperanças,
tão certa desaventura...
Venham estes desenganos
do meu longo engano, e vão,
que já o tempo e os anos
outros cuidados me dão.
Já não sou para mudanças,
mais quero üa dor segura;
vá crê-las vãs esperanças
quem não sabe o qu'aventura! ❞
– Antre tamanhas mudanças.
ANTONIO FERREIRA
Nasceu em Lisboa, em 1528. Foram seus pais Martins Ferreira, escrivão da fazenda do Duque de Coimbra, D. Jorge de Lencastre, e Mexia Froes Varela. Estudou em Coimbra, em cuja Universidade se formou em Leis. Aí encontrou mestres, como Diogo de Teive, que ensinava Humanidades e com quem versou as Literaturas greco-romanas, e Jorge Buchanan; paralelamente, Sá de Miranda fazia a propaganda do dolce stilo nuovo praticado pela escola italiana.
❝ A alta constância da Pastora santa,
Honra da serra, glória dos Pastores,
Humilde, e alegre minha Musa canta:
Altos Herís, Reis, Imperadores,
Cuja soberba fama o Mundo espanta,
Confessem quanto menos é sua glória,
Da que COMBA ganhou em tal vitória.
Vós castíssimas Ninfas de Diana,
De Louro, Palma, e flores coroadas,
Em quanto de Hipocreme a fonte mana,
E de Comba as vitórias são cantadas,
(Não vos invoco a fábula profana)
Com as Musas em coreas concertadas
Cantei comigo: e dai-me sua voz, que soe
Por todo o Mundo, onde COLOMBA voe. ❞
– História de Santa Comba dos Vales.
Os Lusíadas
Foi publicado em 1572, durante o Renascimento em Portugal. Eneida, de Virgílio, que narra a fundação de Roma e outros feitos heróicos de Enéias, e a Odisséia, de Homero, que conta as aventuras de Ulisses, certamente foram as maiores influências de Camões. Em dez cantos, subdivididos em estrofes de oito versos, Os Lusíadas conta as viagens dos portugueses por 'mares nunca dantes navegados'. Uma das características da épica é a narração de episódios históricos ou lendários de heróis que possuem qualidade superior.
EM CÂMERA LENTA
As proporções dessa obra e a linguagem arcaica podem, inicialmente, afastar o leitor de hoje. As principais dificuldades encontradas na leitura são os termos antigos utilizados, a sintaxe inacabada e o grande número de informações mitológicas e históricas. Ainda assim é possível compreender os principais elementos, já que o poema épico tem como finalidade narrar a própria história, ou feitos heroicos que estão no terreno da mitologia. As descrições são muito detalhados, abrangendo todos os detalhes da paisagem, as cenas de batalha e as roupas dos guerreiros. A épica, como gênero, é diferente da tragédia. Na tragédia – como na de Édipo –, o personagem principal envolve-se em uma trama que ele acabará morto. O espectador assiste, aflito, ao trágico encontro do protagonista com seu destino inevitável e cruel: Édipo fura os próprios olhos, perambulando sem destino. No gênero épico, o 'elemento de tensão' desaparece e dá lugar ao 'elemento retardador'. Os personagens épicos não têm um desenvolvimento psicológico elaborado, seguem suas características básicas, que não mudam no decorrer da história. A épica deve ser lida de maneira tranqüila e minuciosa, como uma aventura que se passa em câmera lenta.
FORMA
Camões utilizou somente versos decassílabos, ou seja, de dez sílabas métricas. Esse tipo de verso era conhecido como 'medida nova' e foi levado da Itália para Portugal por Sá de Miranda, em 1527, fato que marca o início do classicismo português. O primeiro verso rima com o terceiro e o quinto; o segundo verso rima com o quarto e o sexto; e o sétimo e o oitavo rimam entre si (o que é representado pelo esquema ABABABCC). Essas estrofes são chamadas de oitava-rima. O poeta ainda inseriu na obra diversas rimas internas, o que causa efeitos de assonância (sonoridade das vogais) e aliteração (sonoridade das consoantes).
ESTRUTURA
Assim como a Odisséia, de Homero, o poema de Camões é composto de cinco partes: Proposição, Invocação, Dedicatória, Narração e Epílogo. Na Proposição — que aparece no Canto I, da primeira à terceira estrofe —, o autor nos apresenta o tema de seu poema: a viagem de Vasco da Gama às Índias e as glórias do povo português, comandado por seus reis, que espalharam a fé cristã pelo mundo.
A segunda parte – também no Canto I, quarta e quinta estrofes – consiste na invocação das musas do rio Tejo, as Tágides. Essa é mais uma indicação de que Camões retirou seu modelo da cultura greco-latina.
Para os gregos, o poeta era um instrumento de uma força superior. Na Dedicatória — encontrada no Canto I, da estrofe 6 à 17 —, o poeta, após inúmeros elogios, dedica a obra ao rei dom Sebastião, a quem confia a continuação das glórias e conquistas que serão narradas em seguida. Na Narração, o poema propriamente se desenvolve — do Canto I, estrofe 18, ao Canto X, estrofe 144. Nela, é contada a navegação de Vasco da Gama às Índias e as glórias da história heróica de Portugal. O Epílogo – Canto X, estrofes 145 a 156 – consiste num lamento do poeta, que, ao deparar com a dura realidade do reino português, já não vê muitas glórias no futuro de seu povo e se ressente de que sua “voz enrouquecida” não seja escutada com mais atenção.
ENREDO
A narração de Os Lusíadas começa in media res – ou seja, em plena ação – no caminho, prática comum na literatura épica, quando os portugueses já deixaram sua terra natal e se encontram ancorados em Melinde, cidade situada no oceano Índico. Enquanto isso, os deuses fazem uma primeira reunião para decidir o destino dos navegantes. Baco se opõe ao feito, que diminuirá sua glória como senhor do Oriente. No entanto, Vênus, deusa do amor, e Marte, deus da guerra, colocam-se a favor dos portugueses. Júpiter concorda com os dois. Mercúrio, o mensageiro, é enviado para garantir que o povo selvagem de Melinde seja hospitaleiro com os portugueses.
O capitão do navio, Vasco da Gama, narra ao rei de Melinde a história de Portugal, em que se inserem as figuras de grandes heróis da história portuguesa e os episódios de Inês de Castro, do Velho do Restelo e do Gigante Adamastor. A caravela continua sua viagem, atravessando o oceano Índico. Nessa parte da trajetória, um dos tripulantes, o marinheiro Veloso, narra a seus companheiros o episódio dos Doze de Inglaterra, espécie de novela de cavalaria em que doze cavaleiros portugueses vão à Inglaterra para defender a honra de damas que haviam sido ofendidas por doze cavaleiros ingleses. Após uma luta sangrenta, os heróis lusitanos vencem os ingleses, aos quais sobra a morte ou a vergonha da derrota. Ao mesmo tempo, o deus dos oceanos, Netuno, recebe a visita de Baco, que o convence a aliar-se contra os portugueses, argumentando que depois daquela viagem os homens iriam perder o temor dos mares. Toda a força dos ventos invocados por Netuno atinge a embarcação de Vasco da Gama. Sob a proteção de Vênus e das Nereidas, as ninfas marinhas, os portugueses sobrevivem, mas seu navio sofre inúmeras avarias, chegando a Calecute, na Índia, graças a correntes marítimas invocadas em seu auxílio, uma vez que o mastro da embarcação estava partido.
Em Calecute, os portugueses são envolvidos em mais uma trama de Baco, que havia induzido o Samorim (líder local) a separar Vasco da Gama de seus companheiros e prendê-lo. O capitão consegue escapar mediante o pagamento de suborno, o que vale uma crítica do narrador à corrupção dos homens pelo dinheiro.
A última aventura dos argonautas portugueses é sua visita à Ilha dos Amores, já no retorno a Portugal. Vênus prepara maravilhosas surpresas para os visitantes. Na ilha, estão ninfas que foram flechadas por cupido. Ao avistarem os navegantes, elas imediatamente ficam apaixonadas. Começa, então, uma verdadeira perseguição erótica, em que são exaltadas as qualidades do amante português. Depois de um banquete no qual todos ouvem previsões sobre o futuro de cada um, a deusa Vênus mostra a Vasco da Gama uma esfera, mágica e perfeita: a maravilhosa Máquina do Mundo.
Após a volta tranqüila dos aventureiros a Portugal, o poeta termina seu livro em tom de lamento. Queixa-se de que sua opinião não seja levada em conta pela 'gente surda e endurecida' e oferece ao rei dom Sebastião uma solução para impedir a decadência do Império: uma grande empresa em direção ao Oriente, buscando a salvação de muitos infiéis e resgatando a glória do heróico povo português.
TRÊS EPISÓDIOS
Existem três episódios em Os Lusíadas que merecem destaque por sua importância: o de Inês de Castro, o do Velho do Restelo e o do Gigante Adamastor.
O episódio de Inês de Castro aparece no Canto III, durante o relato de Vasco da Gama ao governante de Melinde. Trata-se da história do amor proibido de Inês, dama de companhia da rainha, pelo príncipe dom Pedro. Ao saber do envolvimento do príncipe com ela e preocupado com a ameaça política oferecida por Inês, que tinha parentesco com a nobreza de Castela, o rei dom Afonso manda executar a jovem. O rei percebe então que o amor de Inês por seu filho era sincero e decide mantê-la viva, mas o povo, representando o interesse do Estado, o obriga a executar a moça. Dom Pedro, ausente do reino na ocasião do assassinato, inicia depois uma vingança sangrenta contra os executores e coroa o cadáver de Inês, aquela “que depois de ser morta foi rainha”.
O relato sobre o Velho do Restelo encontra-se no Canto IV. Na praia lisboeta de Restelo, um velho profere um discurso poderoso contra as empresas marítimas de Portugal, que ele considera uma ofensa aos princípios cristãos, uma vez que a busca de fama e glória em terras distantes contraria a vida de privações pregada pela doutrina católica.
O episódio do Gigante Adamastor figura no Canto V. Ele aparece quando Vasco da Gama e sua tripulação se dirigem ao Cabo das Tormentas, ou Cabo da Boa Esperança, personificado pela figura de Adamastor. Esse gigante da mitologia grega se apaixonara pela ninfa Tétis, que o rejeitara.
Peleu, o marido de Tétis, transformou então o gigante em pedra. Mais uma história de Camões em que o amor, 'áspero e tirano', causa o infortúnio a quem se deixa levar por ele.
Classicismo
Também conhecido como Quinhentismo (século XV), é o nome dado ao período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa, séc. XV a XVI), que teve grandes transformações culturais, políticas e econômicas.
Dentre os vários foram os fatores que levaram a tais transformações estão:
• A crise religiosa, era a época da Reforma Protestante, liderada por Lutero;
• As grandes navegações, quando o homem foi além dos limites da sua terra;
• Invenção da imprensa que contribuiu para a divulgação das obras de vários autores gregos e latinos (cultura clássica), além de proporcionar mais conhecimento para o povo.
Nesta mesma época o antropocentrismo atingiu a sua plenitude, quando o homem que passou a ser evidenciado, e não mais Deus. Tinha inspiração do mundo greco-romano (Antiguidade Clássica), afinal estes também eram antropocêntricos.
PRINCIPAIS AUTORES E SUAS OBRAS
Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a epopéia “Os Lusíadas”, considerada uma obra-prima.
“Os Lusíadas” é dividida em dez partes (cantos) com 8.816 versos distribuídos em 1.120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias, enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.
Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Antonio Ferreira foram outros autores do classicismo, mas que não tiveram tanto destaque quanto Camões.
CARACTERÍSTICAS
• Racionalismo: A razão predomina sobre o sentimento, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão;
• Universalismo: Os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais, de preocupação universal, passaram a ser privilegiadas;
• Perfeição formal: Métrica, rima e correção gramatical passam a ser motivo de atenção e preocupação;
• Presença da mitologia greco-latina;
• Humanismo: Os dogmas da Igreja são extintos pelo homem e a preocupação com si próprio aumenta, assim como a valorização da sua vida aqui na Terra e a sua capacidade de produzir e conquistar. Ainda assim, a religiosidade não desapareceu por completo.
O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a morte de Camões.
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